sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A EFICÁCIA DA PRECE

A prece é uma invocação; por ela nos pomos em relação mental com o ser a que nos dirigimos. Ela pode ter por objeto um pedido, um agradecimento ou um louvor. Podemos orar por nós mesmos ou pelos outros, pelos vivos ou pelos mortos. As preces dirigidas a Deus são ouvidas pelos Espíritos encarregados da execução dos seus desígnios; as que são dirigidas aos Bons Espíritos vão também para Deus. Quando oramos para outros seres, e não para Deus, aqueles nos servem apenas de intermediários, de intercessores, porque nada pode ser feito sem a vontade de Deus.
Por ela, ligamo-nos a Deus através do concurso das luminosas entidades que Lhe representam a Sabedoria e o Amor, nos inumeráveis planos da vida.
        Segundo o ensino doutrinário, podemos, na prece, realizar três atos fundamentais, que independem de lugar, tempo, idioma, duração e forma: 
  •       Louvar
  •       Pedir
  •       Agradecer
        Quando dizemos “Pai Nosso, que estais no Céu, santificado seja o vosso nome”, usando esta ou aquela forma verbal, nesta ou naquela atitude física, estamos, invariavelmente, louvando a Deus, sua Misericórdia e sua Justiça, porque ao Criador estamos elevando nosso pensamento respeitoso e agradecido, confiante e sincero.
        A prece outra coisa não é senão uma conversa que entretemos com Deus, Nosso Pai; com Jesus, Nosso Mestre e Senhor; com nossos amigos espirituais.
Muito se tem dito a respeito da prece, mas muito pouco ainda conhecemos do seu mecanismo de funcionamento. Por isso mesmo, pouco a valorizamos, e por vezes até a esquecemos. É até um procedimento compreensível, uma vez que o Espiritismo é uma Doutrina relativamente jovem com aproximadamente 150 anos, e a análise de seus aspectos científicos requer conhecimentos básicos, sem os quais não entenderíamos as suas explicações, precisaríamos então ter noções de física, ciências, biologia, fluidos, magnetismo, eletromagnetismo, eletricidade, telecomunicações, etc. Mas, uma coisa é clara, a prece não pode mudar a natureza das provas pelas quais o homem tem que passar, ou até mesmo desviar-lhe seu curso, e isto porque elas estão nas mãos de Deus e há as que devem ser suportadas até o fim, mas Deus leva sempre em conta a resignação.
Muitas vezes surgem aqueles que contestam a eficácia da prece, alegando que, pelo fato de Deus conhecer as necessidades humanas, torna-se dispensável o ato de orar, pois sendo o Universo regido por leis sábias e eternas, as súplicas jamais poderão alterar os desígnios do Criador. No entanto, não pode perder de mira a assertiva do Mestre “O que quer que seja que pedirdes na prece crede que obtereis, e vos será concedido”.
Embora as preces que fazemos não irão desviar-nos de nossos problemas e desilusões, elas são um bálsamo reconfortante para a nossa alma enfermiça, pois faz-nos penetrar em estados de suave sossego e gozos que somente aquele que ora é capaz de decifrar. Tem, assim, a prece o inefável dom de dar-nos forças para suportarmos lutas e problemas, internos e externos, de colocar-nos em posição de vencermos obstáculos que, antes, pareciam irremovíveis. Kardec dava tanta importância ao ato de pensar que um dia escreveu no livro "A Gênese": "O pensamento produz uma espécie de efeito físico que reage sobre o moral: é isso unicamente o que o Espiritismo poderia fazer compreender".
É o pensamento que dá qualidade curativa aos fluidos, que existem em estado natural ao nosso redor. É ele que transforma o fluido inerte em energia capaz de recompor um tecido doente ou reduzir os males de ordem espiritual que afetam os indivíduos.
É o pensamento também o fio que nos permite estabelecer um relacionamento positivo com os espíritos, que participam das atividades curadoras. Mas, ao mesmo tempo em que nos permite tudo isso, ele também poderá nos ligar a espíritos cuja presença será prejudicial ao ato de curar. Toda moeda tem dois lados, as leis da natureza são estradas de duas mãos. A mente é fonte de energia curativa ou de energia destruidora.
 Qual a importância da prece?
Lembremo-nos de um exemplo prático. Se não limparmos periodicamente o nosso quintal, a sujeira se acumula, o mato cresce, e há a proliferação de bichos. No campo espiritual, se não limparmos o nosso psiquismo, os espíritos luminosos se afastam (mesmo que temporariamente), as trevas tomam conta favorecendo a ação de espíritos endurecidos.
 Deus atende àqueles que oram com fé e fervor?
Deus envia-lhes sempre bons Espíritos para os auxiliarem. Não existem fórmulas especiais de orações. A bondade de Deus não está voltada para as fórmulas e o número de palavras, mas sim para as intenções de quem ora.
O que dizer das orações repetidas inúmeras vezes?
As intermináveis ladainhas e “PAI NOSSOS”, repetidos algumas vezes, as rezas pronunciadas com os lábios apenas, que o coração não sente e a inteligência não compreende, não têm valor perante Deus. Jesus disse: “Não vos assemelheis aos hipócritas que pensam que pelo muito falar serão ouvidos” (Mateus 6: 7). O essencial é orar bem e não muito.

Por que existe então, mesmo no espiritismo, orações ditadas por espíritos e publicadas em livros?
Para ensinar aos homens a raciocinar quando se dirigem a Deus e fazê-lo não só por meio de palavras, como também pelo sentimento e com inteligência. Estas orações não constituem rituais, uma vez que, no espiritismo não existem rituais de nenhuma espécie, nem formalismo.
Por quem devemos orar?
Primeiramente por nós mesmos, por nossos parentes, pelos nossos amigos e inimigos, deste e do outro mundo; devemos orar pelos que sofrem e por aqueles por quem ninguém ora.
 O que pedir?
Em Mateus 26: 39, há a passagem amarga do Cristo, que antecedia as suas dores supremas no calvário, onde Ele nos diz: “Pai, se quiserdes, afasta de mim este cálice, mas acima de tudo faça-se a Tua vontade e não a minha”. Demonstrava-nos o Mestre que as Leis Naturais são sábias e justas e que são aplicadas indistintamente. Assim, não peçamos “milagres ou prodígios”, mas tão somente forças para suportar aquilo que não está ao nosso alcance mudar, paciência, resignação, fé e coragem.
Formas da Prece
A prece deve ser curta e feita em segredo, no recôndito da consciência e em profunda meditação. Preces prolongadas ou repetidas tornam-se cansativas, sonolentas e, muitas vezes, delas não participam o pensamento e o coração.
Assim, a condição da prece está no pensamento reto, podendo-se orar em qualquer lugar, a qualquer hora, a sós ou em conjunto, em pé, deitado, de luz acesa ou apagada, de olhos abertos ou fechado; desde que haja o recolhimento íntimo necessário para se estabelecer a sintonia harmoniosa. Por isto a importância do sentimento amoroso, humilde, piedoso, livre de qualquer ressentimento ou mágoa, dessa maneira o homem irá absorver a força moral necessária para vencer as dificuldades com seus próprios méritos.

Eficácia da Prece
Retomando os que contestam a eficácia da prece, alegando que, pelo fato de Deus conhecer as necessidades humanas, torna-se dispensável o ato de orar, pois sendo o Universo regido por leis sábias e eternas, as súplicas jamais poderão alterar os desígnios do Criador. No entanto, o ensinamento de Jesus vem esclarecer que a justiça divina não é inflexível a ponto de não atender os que lhe fazem súplicas. Ocorre que existem determinadas leis naturais e imutáveis que não se alteram segundo os caprichos de cada um. Porém, isso não deve levar à crença de que tudo esteja submetido à fatalidade. O homem desfruta do livre-arbítrio para compor a trajetória de sua encarnação, pois Deus não lhe concedeu a inteligência e o entendimento para que não os utilizasse.
Existem acontecimentos na vida atual aos qual o homem não pode furtar-se; são conseqüências de falhas e deslizes de passado que necessitam de reajustes; é a aplicação da Lei de Causa e Efeito e isto explica porque alguns alegam que pedem benefícios a Deus, mas que nunca são concedidos; o que parece, a princípio, contrariar o ensinamento de Jesus citado em Marcos 11: 24 “O que quer que seja que pedirdes na prece, crede que obtereis, e vos será concedido”.
Muitas coisas que na vida presente parecem úteis e essenciais para a felicidade do homem, poderão ser-lhe prejudiciais e esta é a razão por que elas não lhe são concedidas. Contudo, o egoísmo e o imediatismo não permitem que ele perceba com exatidão a eficácia da prece.
Porém, seus efeitos ocorrem segundo os desígnios divinos: Em curto prazo na medida em que consola, alivia os sofrimentos, reanima e encoraja; a médio e longo prazo porque pelo pensamento edificante dá-se a aproximação das forças do bem a restaurar as energias de quem ora.
Àquele que pede, Deus está sempre pronto a conceder-lhe a coragem, a paciência, a resignação para enfrentar as dificuldades e os dissabores inerentes à natureza humana, com idéias que lhes são sugeridas pelos Espíritos benfeitores, deixando-nos, contudo o mérito da ação, e isto porque não se deve ficar ocioso à espera de um milagre, pois a Providencia Divina sempre ampara os que se ajudam a si mesmos, como asseverou o Mestre: “Ajuda-te e o céu te ajudará” (ESE, Cap. 27, item 7).
Portanto, de tudo o que foi dito anteriormente, podemos concluir que a eficácia da prece está na dependência da renovação íntima do homem, em que deve prevalecer a linguagem do amor, do perdão e da humildade para que ele possa assim, de coração liberto de sentimentos negativos, agradecer a Deus a dádiva da vida.
“Vigiai e Orai” nos recomendou o Mestre (Mateus 26: 41).


Metáfora:

O Poder da Prece

Uma pobre senhora, com visível ar de derrota estampado no rosto, entrou num armazém, se aproximou do proprietário conhecido pelo seu jeito grosseiro e lhe pediu fiado alguns mantimentos.

Ela explicou que o seu marido estava muito doente e não podia trabalhar, e também que tinha sete filhos para alimentar. O dono do armazém zombou dela e pediu que se retirasse do seu estabelecimento. Pensando na necessidade da sua família ela implorou:

— Por favor, senhor, eu lhe darei o dinheiro assim que eu tiver...

Imediatamente ele respondeu que ela não tinha crédito e nem conta em sua loja. Em pé no balcão ao lado, um freguês que assistia a conversa entre os dois se aproximou do dono do armazém e lhe disse que ele deveria dar o que aquela mulher necessitava para a sua família por sua conta.

Então o comerciante falou meio relutante, para a pobre mulher:

— Você tem uma lista de mantimentos?

— Sim, respondeu ela.

— Muito bem, coloque a sua lista na balança e o quanto ela pesar eu lhe darei em mantimentos.

A pobre mulher hesitou por uns instantes e, com a cabeça curvada, retirou da bolsa um pedaço de papel, escreveu alguma coisa e o depositou suavemente na balança. Os três ficaram admirados quando o prato da balança com o papel desceu e permaneceu embaixo. Completamente pasmo com o marcador da balança, o comerciante virou-se lentamente para o seu freguês e comentou contrariado:

— Eu não posso acreditar!

O freguês sorriu e o homem começou a colocar os mantimentos no outro prato da balança.

Como a escala da balança não equilibrava, ele continuou colocando mais e mais mantimentos até não caber mais nada. O comerciante ficou parado ali por uns instantes olhando para a balança, tentando entender o que havia acontecido. Finalmente, ele pegou o pedaço de papel da balança e ficou espantado, pois não era uma lista de compras, e sim uma oração que dizia:

"Meu Senhor, o senhor conhece as minhas necessidades e eu estou deixando isto em suas mãos..."

No mais completo silêncio, o homem deu as mercadorias para a pobre mulher, que agradeceu e deixou o armazém.

O freguês pagou a conta e disse:

— Valeu cada centavo...

Só mais tarde o comerciante pôde reparar que a balança havia quebrado, entretanto só Deus sabe o quanto pesa uma prece...

Um comentário:

  1. Bom texto!
    Realmente a prece nos põe em contato com a fonte criadora do universo, e nesse encontro quem ora certamente receberá um sopro (soprão!) de vida.
    Quanto a entender essa questão de que ela não funciona para mudar nossas provas, vale lembrar que quem pode mudar o peso das nossas provas somos nós mesmos. Se analisarmos a natureza das dores que passamos procurando entender as razões escondidas nas características delas, poderemos nos programar para limpar essas qualidades de nós mesmos para nos livrarmos do seu peso.

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